Como sinto o Natal...

Natal..... Será mesmo um dia de comemoração e de festa?

Nesta época, tudo muda na sociedade. As pessoas ficam eufóricas, a alegria apodera-se das pessoas invadindo os seus corações. Tudo é pensado, planeado, para que no dia da ceia tudo seja perfeito. A família unida em harmonia, com os sorrisos nos rostos de poderem estar na presença dos seus entes queridos, as crianças todas animadas a espera das prendas do Papai Noel, o presépio que ilumina toda a casa dando um ar de paz. Tantas e outras coisas que não sinto mais... algumas pela minha própria natureza, outras por ser uma pessoa amargurada com a vida.... sei lá, tantas coisas! O espírito natalício é algo que já não o sinto a muito tempo.

Que sentido tem comemorar algo que não vai de encontro com os meus princípios? A sociedade ensinou-me que para se saber viver nela, tinha de conviver de forma a ir ao seu encontro e não contra ela; ensinou-me a sorrir mesmo não sentindo nada daquilo que eu tanto queria para mim. Os costumes apoderaram-se de mim, a minha família fizeram questão de reforçar esses costumes! Até quando? Pergunta que um dia mais tarde poderei saber responder.....

Sentir triste.... Porquê? Pelo dia em si? Pelas prendas? Pela festa que se faz nesse dia? Hummm... O dia?? Quais prendas, qual festa??? Nada disso me deixa triste... Um dia igual a tantos outros, com prendas que não quero receber pois já não sou mais menino para tal, e festas... aiiiii.... faço-as quando quero, como quero e com quem eu quero.

Há recordações que não se apagam da memória. Tantos abraços, carinhos, mimos e gestos de amor que se propagam nesta época do ano. E eu quem abraço? Quem mimo? Quem dou um gesto de amor? Tenho uns pais que me amam, que me desejam o melhor e que seja um filho que mostre orgulhoso da vida que construiu; Tenho uns avós que me demonstram o quanto me querem bem - Tu avó, que me criaste e que me viste crescer, sempre deste aquele apoio que necessitei naqueles momentos que tudo parecia ruir sobre os meus olhos, nos momentos em que me sentia só, em que sempre chegas-te com essa doçura que só tu sabes ter, para me reconfortares; Tenho-te a ti Telma, que no fundo, quando tudo está bem, sei o bem que me desejas, o carinho que sentimos um pelo outro e que o tempo não pode apagar, o amor que a gente partilha na nossa relação; e tu meu grande amigo, que sempre foste a pessoa que todos gostavam de ter ao seu lado, que sempre nos sentimos como se fossemos os irmãos mais unidos do mundo... mas existe um vazio que ninguém pode ocupar o seu lugar - aiiiii que saudades desse teu ultimo abraço no dia da tua partida... aiiii que saudades ao recordar aquele momento em que senti o orgulho que tinhas em mim, o orgulho que sentias em ser teu irmão.

São em momentos como este, estas recordações, que fazem as lágrimas correrem pelo meu rosto. É saber que nesta época a gente se sentia mais unido, construíamos o presépio, decorávamos-lo ao nosso gosto.... foram anos e anos e tudo isto agora..... puffffff.... acabou.

Vive!

Antes que a vida se desfaça....

Ama!

Que a vida é breve... a vida passa

(By: Araújo Filho)

Irei recordar toda a nossa vida juntos..... não como ela foi, não como gostava que fosse... apenas como a sinto...

Contudo, visto estarmos prestes a chegar ao Natal, vou-vos contar um sonho (quem sabe o Papai Noel não dá): Queria levantar-me para trabalhar num lugar que eu goste e com pessoas que me façam sentir bem, voltar para casa e chegar animado com a sensação de dever cumprido, tomar um banho gostoso, colocar uma roupa que me sentisse confortável, preparar um bom jantar, ouvir a campainha tocar e quando eu abrisse a porta.... Não, eu não queria que fosse oPapai Noel... Apenas que fosse o meu amor, e que chegasse para ficar comigo para sempre, que não precisasse falar nada porque eu veria nos olhos o que palavras não podem dizer.... Só em sonho de Natal mesmo...

Conclusão.... Esta época do ano dói muito mais do que em qualquer outra... mesmo não sentindo verdadeiramente o espírito natalício que qualquer religioso sente.